sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Uma nova coreografia se faz necessária...


Semana passada terminei de reler o livro ótimo da Monica von Koss: Feminino + Masculino. Uma nova coreografia para a eterna dança das polaridades. Para mim, re-conhecer seu conteúdo fez todo o sentido. A primeira vez que li, foi quando iniciei no caminho das danças circulares (tema para outro post) e devo ter lido meio correndo, pois muitas coisas não lembrava...

Mas foi muito interessante, depois de um tempo poder retomar esse livro, ler com mais atenção, com mais consciência. Ao terminar de ler o livro, percebi que tudo já estava muito conectado desde o início. Foi através das danças circulares que soube da Unipaz, foi através das danças que me conectei ao movimento do feminino e feminista. E depois de vários anos, quando finalmente termino meu curso na Unipaz, trabalhando como voluntária lá, re-conectando meus estudos sobre o feminino que eu pego essa obra de novo. Não vou escrever tudo que está no livro, porque a Monica von Koss escreve melhor do que eu. Ela faz uma análise do feminino, desde o Tao, o Tantra, passando pela Idade Média, por Freud e por Jung, para finalmente escrever:

"Agir como mulheres e homens conscientes, independentes, autônomos, que se relacionam como iguais, apesar de diferentes, não significa abolir os sentimentos maternos/paternos ou filiais, mas exercê-los pelo tempo necessário e suficiente, sempre retornando ao lugar central de homem e mulher e se relacionando a partir dele. [...] Na opinião da analista junguiana Marion Woodman, 'homens e mulheres maduras da nova era estarão unidos menos pela atração dos opostos do que por sua partilhada humanidade', sem que isto neutralize a atração sexual entre eles.[...]
O princípio feminino vem para contrabalançar as características e valores do princípio masculino, trazendo a cooperação para equilibrar a competição; enfatiza o pensamento intuitivo com sua ênfase na experiência direta, sintética, em complementação ao pensamento racional, linear, analítico, fragmentado. [...]" (páginas 241 e 242).

Essa passagem me lembrou muito do Pierre Weil, um dos fundadores da Unipaz, que sempre falava da importância de trazer essa questão do feminino de volta, ou de aspectos relacionados ao feminino, que talvez isso estivesse relacionado com os atos de violência atuais. Também lembrei da Jean Shinoda Bolen, no ótimo livro O milionésimo círculo, que fala da importância de existirem círculos de mulheres e quando houver um número significativo deles, o milionésimo, uma mudança será feita na humanidade.

Assim colocado, tudo pode parecer desconectado e não relacionado, mas para mim faz todo sentido. Em uma sociedade cada vez mais separada da realidade natural e terrestre e desconectada do lado humano (as manchetes da semana falam por si), há sim uma necessidade de reconexão, de entender o que foi perdido e integrar, e respeitar, e aceitar, e entender que uma mudança se faz urgente já, pois o planeta grita por essa mudança.

"Quando formos capazes de encontrar a inteireza humana em nós mesmos e compreendermos que a essência do nosso ser é divina, seremos capazes de olhar para o outro, seja igual, seja diferente, e vê-lo da mesma maneira; poderemos ver todas as pessoas como inteiras, isto é, seres de luz, que refletem a divindade. Seremos capazes de ressacralizar nosso mundo, nossa vida, valorizando cada aspecto pelo que é, sem julgá-lo ou excluí-lo." (Moniva von Koss, página 243)

Interessante pensar que tudo se inicia novamente: escrever, ler o livro, pensar em um novo futuro. Realmente é uma dança, em um círculo que não termina.


Para quem interessar:
Monika von Koss. Feminino + Masculino. Uma nova coreografia para a eterna dança das polaridades. Ed. Escrituras (o meu é do ano de 2004).

Jean Shinoda Bolen. O milionésimo círculo. Como transformar a nós mesmas e ao mundo. Um guia para Círculos de Mulheres. Editora Triom.

Pierre Weil. A arte de viver a vida. Editora Vozes.

Conectado. Uma autobiografia sobre amor, morte e tecnologia. Ótimo documentário de 2011 (EUA) que tenta unir todos esses temas e também aborda o termo da desconexão como um problema para a humanidade.



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